"Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também." Colossenses 3:12-13
O apóstolo Paulo, nesta carta, dá ênfase ao perdão, e lembra-nos das virtudes que devem ser características na nossa vida: compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência.
O perdão é uma manifestação concreta do amor e da graça que recebemos de Deus. Jesus, em Sua infinita misericórdia, perdoou os nossos pecados e nos reconciliou com o Pai. Da mesma forma, somos chamadas a perdoar aqueles que nos ofendem.
Perdoar não é fácil, principalmente para nós mulheres porque somos emotivas e o perdão é algo racional. Muitas vezes, exige que deixemos de ser orgulhosas e termos de suportar a nossa dor. No entanto, quando nos lembramos do quanto nós fomos perdoadas por Cristo, isso nos dá a força e a motivação para perdoar os outros. O perdão liberta o nosso coração do peso da amargura e abre o caminho para a cura e para a reconciliação. É também uma forma de mostrar obediência a Deus, se não perdoarmos, significa que não estamos na nova vida, que não nascemos de novo.
O perdão não deverá ser só em relação às outras pessoas, quantas vezes nós erramos e não nos conseguimos perdoar a nós mesmas? Também nós temos de perdoar as nós mesmas, porque Deus já nos perdoou.
Como podemos perdoar?
Diariamente, pede a Deus que te ajude a te revestires de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Estas virtudes são fundamentais para desenvolver um coração perdoador.
Sempre que sentires dificuldade em perdoar, lembra-te de como Cristo já te perdoou. O Seu perdão foi completo e incondicional. Usa isso como exemplo e motivação para perdoar as outras pessoas.
Ora por aqueles que te ofenderam. Pede a Deus para abençoá-los e ajudá-los a crescer na Sua graça. Isso ajudará a mudar o teu coração em relação a eles.
Quando possível, procura reconciliar-te com aqueles que tu perdoaste. A reconciliação traz paz e restaura relacionamentos interrompidos.
Senhor, agradeço pelo Teu amor incondicional e pelo perdão que me concedeste através de Jesus Cristo. Ajuda-me a revestir-me das virtudes de Cristo e a ser um reflexo do Teu amor. Dá-me um coração compassivo e a disposição para perdoar aqueles que me ofendem, assim como Tu me perdoaste. Que o Teu Espírito Santo me guie e fortaleça, para que eu possa viver em paz e harmonia com todos.
"Então Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até sete?"
Mateus 18:21
Neste versículo Pedro pergunta a Jesus se existe limite para o perdão, sugerindo, na sua pergunta, um número que, à luz da cultura judaica da época, seria considerado generoso: sete vezes. O número sete simbolizava completude e perfeição. Pedro, assim, achava que estava a ser extremamente misericordioso se perdoasse até 7 vezes.
Pedro, ao sugerir esse número finito, reflete essa luta interna que muitas de nós enfrentamos: até onde vai a nossa capacidade de perdoar?
Será que há um ponto em que podemos, com justiça, parar de perdoar e ficarmos ressentidas ou magoadas?
É importante notar que Pedro não estava a ser insensível ou severo na sua pergunta; pelo contrário, ele estava a tentar compreender os limites do amor e da graça que Jesus tanto pregava. Na mente de Pedro, perdoar sete vezes seria um grande ato de bondade, quase uma superação das expectativas humanas normais.
Nos versículos seguintes, Jesus responde a Pedro: “Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete” (Mateus 18:22). Aqui, Jesus quebra completamente as expectativas de Pedro e de todos nós. Ele não está a dar um novo número ou limite; pelo contrário, está a demonstrar que o verdadeiro perdão é ilimitado, como o amor e a graça de Deus.
Jesus usa a expressão “setenta vezes sete” como um símbolo de perdão infinito. Ele está a dizer que, como suas seguidoras, somos chamadas a perdoar sempre, sem contar quantas vezes ou termos ressentimentos. Esta resposta de Jesus não só redefine o conceito de perdão, mas também convida-nos a entrar numa nova dimensão de relacionamento, onde a graça prevalece. e onde o amor supera qualquer ofensa.
Perdoar de forma contínua e ilimitada é um desafio. Requer de nós uma entrega completa ao Espírito Santo, que nos capacita a amar e perdoar como Deus o faz. Nós não somos chamadas a perdoar porque a pessoa merece ou porque não foi um erro grave; somos chamadas a perdoar porque, em Cristo, recebemos o perdão para as nossas próprias transgressões, muitas vezes repetidas.
Em Efésios 4:32: “Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” reforça a ideia de que o nosso perdão ao próximo deve ser um reflexo do perdão que recebemos de Deus.
Quando perdoamos, não só libertamos o outro, mas também nos libertamos a nós mesmas. A falta de perdão corrói a alma, alimenta ressentimentos e impede-nos de viver a vida abundante que Deus nos oferece. Perdoar é um ato de fé e de obediência, que traz cura e restauração para o nosso coração.
Pedro, ao questionar Jesus sobre o perdão, deu voz àquilo que muitas de nós pensamos: até onde devo ir para ser misericordiosa? A resposta de Jesus desafiou não só Pedro, mas todas nós a viver num novo padrão, onde o perdão não tem limites e onde a graça é a regra suprema.
Ainda há alguém que precisamos perdoar?
Estamos a guardar mágoas que precisam ser entregues a Deus?
Que o Espírito Santo nos ajude a perdoar como Jesus nos ensinou, sempre, sem reservas.